As Cruzadas

07/10/2020 14:22

Cruzadas

Link da vídeo aula >>> www.youtube.com/watch?v=vXD58fsZp_s&t=858s

O termo Cruzada é utilizado para nos referirmos as expedições de caráter religioso e militar, que partiram da Europa Ocidental com destino a região da Palestina, cujo objetivo principal era libertar a cidade de Jerusalém  das mãos dos Turcos Otomanos, que eram seguidores do islamismo.

E vamos ver como foi que isso aconteceu.

Jerusalém assim como outras cidades da Palestina, era habitada principalmente por Judeus e Cristãos, mas por volta do ano 638, ela foi conquistada por um califado muçulmano.

Dessa forma, Jerusalém ficou dividida entre três religiões distintas, e que consideravam a cidade um local sagrado.

No entanto, do ano 638 até o início do século XI, cristãos, judeus e muçulmanos conseguiram conviver sem que ocorressem entre eles   conflitos de grandes proporções.

Mas no ano 1009 o sexto califa muçulmano que governava aquela região, começou a perseguir judeus e principalmente cristãos, ordenando a destruição de muitas igrejas em Jerusalém.

Essa atitude dos muçulmanos preocupou os reinos cristãos, que já estavam descontentes com o fato da terra santa estar sob o domínio de povos que não eram cristãos.

E a partir disso, o imperador bizantino Aleixo I, com receio que as forças muçulmanas expandissem ainda mais os seus territórios, enviou um pedido de ajuda ao Papa Urbano II solicitando o envio de tropas para conter a ameaça islâmica.

Insatisfeito com o domínio muçulmano sobre Jerusalém, o papa aceitou o pedido de ajuda, e no ano de 1095, através de um grandioso discurso, convocou os fiéis católicos a libertar a cidade da ocupação turca.

O discurso do papa Urbano II surtiu um efeito tão contagiante sobre a população europeia, que chegou a ser suficiente para unir pessoas de reinos rivais, servos e nobres, todos em pro de uma única causa, reconquistar Jerusalém.

E o que será que o papa disse nesse discurso ao ponto de convencer tanta gente a participar de uma expedição onde as chances de morte eram extremamente grandes?

Eh, fique antenado para ver como foi que esse discurso conseguiu empolgar toda essa galera.

Concílio de Clermont

Foi uma reunião entre os membros da igreja católica onde foi decidido que seria concedida a indulgência plenária (perdão total dos pecados) a todos que fossem ao Oriente lutar contra os muçulmanos.

O perdão dos pecados aos participantes das Cruzadas pode ser considerado um grande atrativo para que boa parte da população europeia aceitasse  participar dessas expedições, no entanto para muitos europeus, os interesses nessas peregrinações iam além das questões religiosas.

Algumas pessoas, por exemplo, aderiram às Cruzadas apenas porque viam nelas uma oportunidade de sair da vida miserável que levavam.

A Cruzada dos Mendigos

Antes mesmo da primeira Cruzada oficial se realizar, inúmeros marginais liderados por Pedro o Eremita, partiram no ano de 1095 rumo a Terra Santa.

Essa expedição que ficou conhecida como Cruzada dos Mendigos, partiu sem nenhuma organização, e os seus participantes não possuíam armas nem recursos, apenas seguiram com a crença que ao combater os infiéis, teriam a garantia de salvação da alma. 

Depois de percorrer toda a Europa por vários meses, a Cruzada dos Mendigos chegou a Constantinopla, e de lá seguiram para a Ásia Menor, onde já chegaram enfraquecidos e foram massacrados pelos turcos. 

A primeira Cruzada 1096 - 1099

Em 1096, organizada pelo papa Urbano II, ocorreu a  primeira Cruzada oficial. Ela foi composta por grandes senhores feudais, que eram liderados por Godofredo de Bouillon. Após atravessar Constantinopla conquistaram várias cidades asiáticas, como Edessa, Antioquia, Trípoli, Acre, até conseguirem no ano de 1099 reconquistar Jerusalém. 

Dos 300 mil cruzados que partiram de Constantinopla, apenas 40 mil chegaram a Palestina. Os demais morreram no caminho, em combate ou vítimas de doenças, fome, sede e calor; outros voltaram à Europa.

A Segunda Cruzada 1147 – 1149

A segunda Cruzada foi liderada por Conrado II, imperador germânico, e Luís VII, rei da França.

Essa Cruzada foi marcada pela expulsão dos muçulmanos que ocupavam territórios onde hoje se encontra Portugal.

Com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Médio Oriente, mais precisamente para a Terra Santa., os cristãos da península Ibérica derrotaram os muçulmanos em um episódio que ficou conhecido como cerco de Lisboa. Esse foi o único sucesso da Segunda Cruzada.

 Em virtude de conflitos internos, o exército cruzado se dividiu e se enfraqueceu. Seu objetivo inicial era chegar até Damasco, porém,  eles estavam enfraquecidos, e foram derrotados pelos turcos antes mesmo  de chegarem.

Durante esse período os muçulmanos conseguiram recuperar Edessa, reconquistando parte do Reino da Antioquia.

A reconquista de Jerusalém pelos muçulmanos

No ano de 1187, pouco tempo depois da segunda Cruzada, o líder islâmico conhecido como Saladino, conseguiu  retomar Jerusalém e devolvê-la ao controle muçulmano.

A Terceira Cruzada (Cruzada dos Reis) 1189 – 1192

A Terceira Cruzada teve início em 1189, e ela contou com a participação de Frederico Barba Ruiva, imperador germânico, Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra e Felipe Augusto, da França, e por este motivo, ela ficou conhecida como a Cruzada dos Reis.

Frederico Barba Ruiva , que seguiu por terra, morreu afogado ao cair do seu cavalo tentando atravessar um rio.

 Os reis Ricardo e Felipe, que avançaram por mar, chegaram à Palestina, e depois de um desentendimento entre eles, Felipe retornou à França.

 Ricardo Coração de Leão continuou na Palestina onde disputou a Batalha de Arsuf  vencendo  Saladino, porém com as suas tropas  arruinadas, ele não teve condições de recuperar Jerusalém. No entanto, o Rei Ricardo conseguiu através de um tratado, permitir o acesso dos Cristãos a cidade.

A quarta Cruzada 1202 - 1204

A quarta Cruzada foi convocada pelo Papa Inocêncio  III, e liderada pelo marquês de Montferrat e pelo conde Balduíno de Flandres.

O objetivo inicial dessa Cruzada era atacar o Egito e a Palestina a partir de Veneza, retirando do poder os muçulmanos dessas regiões. No entanto, ao contrário disso, os cruzados  voltaram-se contra os próprios Cristãos da cidade de Constantinopla.

Portanto, a quarta Cruzada foi marcada por uma intensa  guerra de Cristãos contra Cristãos.

Inconformado com este desvio da fé cristã, o Papa Inocêncio III acabou excomungando os integrantes dessa Cruzada.

A Cruzada das Crianças

Diante das constantes derrotas e do desvio do objetivo religioso das Cruzadas, difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro – local onde, segundo a Bíblia, Jesus Cristo foi sepultado – só poderia ser conquistado por crianças, pois elas eram isentas de pecados. Por esse motivo, em 1212, 20 mil crianças germânicas e 30 mil francas foram reunidas e encaminhadas a Jerusalém . Muitas dessas crianças acabaram morrendo pelo caminho, outras foram assassinadas ou aprisionadas e vendidas como escravas nos mercados do oriente. Em resumo, a expedição foi um grande fracasso.

As três grandes ordens militares

Os Hospitalários de São João de Jerusalém

 Como indica o nome, a princípio eles não eram guerreiros, mas dedicavam-se ao serviço de um hospital estabelecido no início do século XI próximo ao Santo Sepulcro. No entanto, no início do séc. XII, eles passaram a ter uma índole militar para conseguir hospedar os peregrinos e defende-los em seus itinerários por regiões pouco seguras.

A Ordem Teutônica 

Assim como a Ordem dos Hospitalários, a princípio a Ordem Teutônica era  uma congregação hospitalar, mas que visava a ajudar principalmente os soldados germânicos feridos em batalha.

Os teutônicos também eram exímios guerreiros e tiveram participações de destaque em inúmeras batalhas.

 Os Templários

A Ordem dos Cavaleiros Templários, foi a ordem militar cristã mais famosa que existiu, tendo sido fundada com o objetivo  de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista.

Os templários faziam votos de pobrezacastidadedevoção e obediência, e usavam mantos brancos com uma cruz vermelha.

O sucesso dos Templários esteve vinculado ao sucesso  das Cruzadas. Quando a Terra Santa foi novamente perdida para os muçulmanos em 1187, o apoio à Ordem também foi reduzido.

O legado das cruzadas

Após o fiasco da quarta Cruzada, quando o ideal de conquista da Terra Santa se perdeu em meio a corrupção, outras cinco cruzadas ocorreram até o ano de 1272, chegando a um total de nove, mas após a terceira cruzada, todas as demais podem ser consideradas um fracasso.

Se por um lado as Cruzadas aprofundaram a hostilidade entre o cristianismo e o Islamismo, por outro, elas ampliaram os contatos econômicos e culturais com outras regiões. O comércio entre a Europa e a Ásia  aumentou, e os contatos culturais que se estabeleceram entre a Europa e o Oriente tiveram um efeito estimulante no conhecimento ocidental, e até certo ponto, contribuíram para o Renascimento Comercial e Urbano europeu.

Revisão

  • Para tentar recuperar a cidade de Jerusalém que havia sido dominada pelos muçulmanos, no ano de 1095 o papa Urbano II convocou os fiéis cristãos a participarem de expedições rumo a terra Santa para libertá-la das mãos invasoras. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas.
  • No ano de 1096 partiu a primeira Cruzada, e três anos mais tarde, em 1099, Jerusalém já havia sido conquistada pelos Cristãos.
  • A segunda Cruzada não conseguiu alcançar os seus objetivos no oriente, e ao contrário disso, em 1187  os muçulmanos reconquistaram Jerusalém.

 

  • Durante a Terceira Cruzada, também conhecida como a Cruzada dos reis, o Rei Ricardo Coração de Leão mostrou-se um oponente a altura ao Sultão Saladino. Embora não tenha conseguido expulsar os muçulmanos  de Jerusalém, o rei Ricardo  conseguiu fazer um acordo com o líder islâmico que permitiu a entrada de Cristãos na cidade.

 

  • Ao todo foram nove cruzadas, mas após a terceira cruzada, todas as demais podem ser consideradas um fracasso do ponto de vista religioso.
  • Ao longo de quase duzentos anos de luta, foram criadas algumas ordens de cavaleiros, uma espécie de soldados de elite que foram fundamentais na luta contra os muçulmanos, sendo as principais os Hospitalários, Teutônicos e os Templários, mas todo o prestígio dessas ordens foi diminuindo na medida que os cristãos foram perdendo territórios no oriente.

s cruzadas se foram, mas o seu legado ficou e junto a ele o aprendizado do quão perigoso pode ser o uso equivocado da fé.

Mas eu espero que vocês tenham gostado da aula de hoje, e não se esqueçam de curtir esse vídeo de se inscreverem no canal, pois só assim, eu terei condições de continuar a desenvolver esse trabalho, e fazer do Fique Antenado, a sua principal plataforma de estudos.

Um grande abraço a todos, e até mais.

Referências:

PANAZZO, Silvia. Jornadas História 7º ano. São Paulo: Saraiva 2012.
CARVALHO, Delgado. História Geral, volume 2: Idade Média. Rio de Janeiro: Editora Record,1979.
PIRENNE, Henri. História Econômica e Social da Idade Média 6ª ed. São Paulo: Editora Mestre Jou,1982.
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. 2ª Ed., Lisboa: Edições 70, 1987.

As Cruzadas – Acesso em 23/04/2020: https://www.sohistoria.com.br/ef2/cruzadas/
História de Jerusalém – Acesso em 23/04/2020: https://brasilescola.uol.com.br/historia/historia-jerusalem.htm
As oito Cruzadas – Acesso em 23/04/2020: https://www.colegioweb.com.br/baixa-idade-media-cruzadas-e-renascimento-comercial/as-oito-cruzadas.html
As três grandes ordens religiosas militares da história da Igreja – Acesso em 23/04/2020: https://pt.aleteia.org/2018/05/28/as-3-grandes-ordens-religiosas-militares-da-historia-da-igreja/
Curiosidade sobre as Cruzadas – Acesso em 23/04/2020 - https://www.suapesquisa.com/historia/cruzadas/curiosidades.htm