O Feudalismo na Baixa Idade Média

07/10/2020 14:10

O Feudalismo na Baixa Idade Média.

Link da vídeo aula >>> www.youtube.com/watch?v=y-GCBGP8SX8&t=2s

Ao  falarmos de feudalismo, é importante lembrarmos que dentro desses 977 anos de Idade Média, muitas transformações ocorreram dentro do próprio sistema feudal. 

 E essas transformações foram responsáveis por dividirem a Idade Média em Alta Idade Média e Baixa Idade Média conforme veremos a seguir:

A Alta Idade Média foi apresentada na primeira aula sobre feudalismo da qual eu estarei colocando o link no card. logo acima. e ela corresponde ao período histórico  que se estende do ano 476 no século V,  até o ano 1000 mil quando se encerra o século X.

Já a Baixa Idade Média, corresponde ao período histórico que será apresentado neste vídeo, e que se estende do século XI até o ano de 1453 no século XV.

E agora que nós já nos localizamos no tempo, vamos redirecionar a nossa atenção ao que mais nos interessa:  Que são os acontecimentos que ocorreram a partir do século XI , e que pertencem a um período histórico conhecido como Baixa Idade Média.

 

 

O crescimento demográfico e a  produção de alimentos

 

A partir do século XI a Europa Feudal começou a mudar, e as invasões começaram a diminuir.

 

Nessa nova fase onde ocorreu o predomínio da paz, a queda no número de mortes foi responsável por gerar um crescimento populacional elevado nos feudos.

 

Com o aumento no número de habitantes, tornava-se necessário produzir mais alimentos.

 

Para isso,  foram ampliadas as áreas de cultivo dos feudos com a drenagem de pântanos e o desmatamento de parte dos bosques.

 

Ao mesmo tempo, aperfeiçoaram-se ferramentas agrícolas, como o arado, que passou a ser feito de ferro (e não mais de madeira) e preso no lombo do boi ou do cavalo  (em vez de no pescoço), dando-lhe maior mobilidade.

 

Em muitos feudos, começou a ser utilizado o sistema trienal de produção, no qual as áreas agrícolas eram divididas em três partes.

 

  • Observe o funcionamento do sistema trienal nas imagens a seguir: (Com a vídeo aula serámelhor)

 

No sistema trienal, duas partes dos campos de cultivo eram usadas para o plantio de gêneros diferentes, por exemplo: Cevada em uma parte e trigo na outra.

 

Ao mesmo tempo, a terceira parte ficava sem produção agrícola para que o solo recuperasse os nutrientes.

 

 Anualmente havia rodízio entre as áreas em repouso e as áreas cultivadas, alternando-se também os produtos cultivados.

 

 

O “Renascimento Comercial e Urbano”

 

As novas técnicas de produção permitiram que ocorresse um excedente de alimentos, e os produtos que sobravam, passaram a ser comercializados nas cidades.

 

O “Renascimento Comercial”, foi responsável por reativar a circulação das moedas e possibilitar um revigoramento Urbano, pois Antigas cidades voltaram a ser ocupadas, assim como novas cidades começaram a surgir dentro desse contexto.

 

Esses novos centros urbanos eram chamados de burgos (que significa fortaleza), e os seus moradores ficaram conhecidos como burgueses.

 

Com o desenvolvimento comercial, os burgueses praticavam principalmente atividades relacionadas ao comércio.

 

  • Os mercadores vendiam e revendiam produtos;
  • Os artesãos produziam artigos diversos, como roupas, calçados, móveis, tecidos, utensílios domésticos, etc.;
  • Os cambistas trocavam moedas estrangeiras pelas locais;
  • Os banqueiros faziam empréstimos de dinheiro para recebe-lo com juros; (Essa prática era conhecida como Usura e foi muito criticada pela Igreja Católica)
  •  

 

Com o intuito de regulamentar essas atividades comerciais, foram criadas as Corporações de Ofício, (Ou seja Corporações onde os artesãos e comerciantes em geral, criavam regras para padronizar o valor e a qualidade do produto comercializado).

 

Mas as Corporações de Ofício também eram ambientes de aprendizado do ofício e de estabelecimento de uma hierarquia do trabalho.

 

A própria organização interna das Corporações de Ofício era baseada em uma rígida hierarquia, composta por Mestres Aprendizes.

 

            Havia também os jornaleiros, que eram artesãos que não ficavam fixo em uma Oficina, mas vendiam a sua força de trabalho a troco de um salário quando um Mestre artesão precisasse de alguém para ajudá-lo.

 

 

As feiras medievais

Com o propósito de aumentarem os seus lucros, os burgueses também procuraram comercializar os seus produtos nas feiras medievais.

 

As feiras medievais eram eventos que reuniam compradores e vendedores de diferentes mercadorias em um lugar específico da cidade em uma data previamente marcada ou durante um período especial.

 

As mais importantes feiras do continente ficavam nas regiões de Champanha, na França, nas regiões de Gênova e Veneza, na atual Itália, e em Flandres, onde atualmente está a Bélgica.

E assim a burguesia se fortalecia, pois lentamente a terra começou deixar de ser considerada o principal bem, sendo substituída pela quantidade de moedas que a pessoa possuísse.

 

 

As Cruzadas

 

No final do século XI, a cidade de Jerusalém, na palestina, foi dominada pelo Império Turco, que passou a divulgar ali a religião islâmica.

 

Insatisfeito com o domínio muçulmano sobre Jerusalém, no ano de 1095, o papa Urbano II convocou os fiéis católicos a libertar a cidade da ocupação turca.

 

Incentivados pelo clero católico, os nobres europeus atenderam ao pedido do papa e formaram expedições militares com destino a Terra Santa.

 

Essas expedições ficaram conhecidas anos mais tarde como Cruzadas, por conta da cruz que muitos dos seus integrantes utilizavam no peito.

 

 

As Cruzadas provocaram um acentuado processo de transformações na sociedade medieval europeia.

 

As expedições ao Oriente colocaram os clérigos, os nobres, os comerciantes e os camponeses em contato com objetos, utensílios, alimentos e modos de vida até então desconhecidos deles.

 

Interessados em ampliar seus negócios, os comerciantes participavam das Cruzadas para comprar mercadorias orientais e revende-las na Europa.

 

Portanto, as Cruzadas contribuíram para o fortalecimento do comércio e para o revigoramento da vida nas cidades.

 

 

O século XIV

 

Conforme visto desde o início dessa aula, os séculos XII e XIII foram os pontos altos da civilização medieval, pois a partir do século XI as guerras haviam diminuído, e a melhoria de alguns equipamentos, associados a novas técnicas de cultivo, contribuíram para o aumento na produção de alimentos.

 

Os excedentes estavam sendo comercializados, possibilitando um fortalecimento do comércio e um revigoramento na vida nas cidades que eram conhecidas como burgos.

 

Até que o século XIV se inicia com uma série de eventos que acabou desestruturando o feudalismo.

 

 

Conforme veremos a seguir:

 

O século XIV

 

  • Entre 1317 e 1385 mudanças climáticas foram responsáveis por gerar uma grande falta de alimentos, e como consequência disso, muitas pessoas ficaram desnutridas, e uma a cada dez pessoas morreram de fome naquela época.
  • Em 1337 iniciou-se uma guerra entre França e Inglaterra,  que ficou conhecida como Guerra dos Cem anos. Ocasionada por disputas territoriais e pelo controle da rota comercial que levava à Feira de Flandres, que era a maior feira medieval, a Guerra do Cem anos também contribuiu para que a fome se alastrasse pela Europa.

 

  •  Em 1347 a Peste Negra chegou na Europa em um contexto onde a população europeia já se encontrava muito fragilizada. E o descaso da igreja com a população, quando muitos membros do clero fugiram para regiões menos afetadas pela peste, deixando abandonados os enfermos sem terem o direito a extrema-unção, contribuiu para que o último pilar de sustentação do povo, a fé, diminuísse, e com isso a  igreja começou  a ser questionada.  

 

  • As Revoltas Camponesas

 

A fome gerada no século XIV, aliada a Guerra dos 100 anos e a Peste Negra, foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas.

 

Em meio a tudo isso, devido a diminuição na produção agrícola, os senhores feudais passaram a aumentar as taxas de impostos para os camponeses, e essa situação levou a diversas revoltas camponesas e ataques aos senhores feudais.

 

Essas revoltas ficaram conhecidas como Jacqueries, que significava “Jacques bom homme” (Jacques, o simples), apelido pejorativo dado aos camponeses pela nobreza.

 

As revoltas camponesas que mais se destacaram no século XIV, ocorreram na França em 1358; e na Inglaterra em 1381.

 

As principais reivindicações dos camponeses diziam respeito à luta contra a fome e às más condições de vida acentuadas durante a crise do século XIV.

 

O apelo de socorro feito por muitos senhores feudais aos reis, contribuíram para que lentamente, o poder político voltasse a estar centralizado nas mãos dos monarcas.

 

 

A aliança entre os Reis e a Burguesia

Enquanto o poder da nobreza feudal diminuía nas áreas rurais, nos burgos acontecia o contrário com a burguesia.

 

No entanto, os burgueses possuíam uma série de obstáculos para ampliar os seus negócios.

 

  • O clero condenava a usura, que eram os juros cobrados pelo empréstimo de dinheiro.
  • As rotas comerciais eram perigosas, e as caravanas de comerciantes eram constantemente atacadas.
  • Dentro de uma mesma região havia uma grande variação no sistema de pesos e medidas.
  • E muitos burgos estavam localizados em terras que ainda pertenciam a alguns senhores feudais, o que lhes dava o direito de cobrarem impostos da burguesia.

 

Para tentar superar esses entraves, em muitos lugares a burguesia se aliou a um rei, dando-lhe poder para que os seus interesses pudessem ser atendidos.

 

E com isso, a aliança entre reis e burgueses foi vantajosa para os dois lados.

O fim da Idade Média e do feudalismo

 

Financiados pela burguesia, muitos reis criaram exércitos regulares, que eram formados por profissionais pagos   que ficavam a serviço do monarca em tempo integral.

Assim, os reis foram restabelecendo a ordem e criando leis que favoreceram os interesses da burguesia.

 

Aos poucos os nobres feudais foram presenciando a diminuição dos seus poderes, e com isso, pouco puderam fazer para impedir  a ascensão das Monarquias nacionais, que gradativamente também conseguiram se impor diante dos interesses da igreja.

 

No entanto, vale ressaltar que a formação dessas monarquias nacionais não foi igual em todos os lugares.

 

 Portugal e Espanha começaram o processo de formação dos estados nacionais após a expulsão dos Mouros (muçulmanos) que habitavam a Península Ibérica desde o século VIII.

 

Na França, isso ocorreu em decorrência da Guerra dos Cem anos, enquanto na Inglaterra, o processo de formação de  um estado nacional ocorreu em decorrência da Guerra das Duas Rosas (Que foi uma guerra civil onde duas famílias disputavam entre si o poder inglês)

 

 

E foi dentro desse contexto que o período Histórico conhecido como Idade Média chegou ao seu fim, e tendo como ponto final a tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos em 1453. (Mas isso será assunto para uma outra aula)

 

E se você vc se perdeu em algum momento desse vídeo, fique antenado na Revisão.

 

Revisão

  • A diminuição das guerras a partir do século XI permitiu um grande crescimento demográfico na Europa;
  • Para atender a nova demanda de alimentos, novas técnicas e ferramentas foram criadas;
  • Os produtos excedentes do campo, assim como os novos objetos, utensílios, e alimentos vindos do oriente, permitiram um fortalecimento do comércio e das cidades europeias, que eram chamadas de burgos.

 

  • O século XIV foi marcado por alterações climáticas, guerras e doenças que levaram muitas pessoas a morte, e por conta disso, muitas revoltas camponesas aconteceram, principalmente na França e Inglaterra.

 

  • A incapacidade de muitos senhores feudais em lidar com as revoltas camponesas, assim como a necessidade da burguesia em ampliar o seu comércio, levou ao fortalecimento de governos com poderes centralizados, já que a estrutura de poder descentralizada não era capaz de solucionar os problemas que apareciam. Assim, os reis foram se fortalecendo e tornando-se uma das figuras mais importantes ao lado da igreja  e da nova classe social que surgia, a burguesia, dando início a formação dos estados modernos.

Referências

PANAZZO, Silvia. Jornadas História 7º ano. São Paulo: Saraiva 2012.

CARVALHO, Delgado. História Geral, volume 2: Idade Média. Rio de Janeiro: Editora Record,1979.

PIRENNE, Henri. História Econômica e Social da Idade Média 6ª ed. São Paulo: Editora Mestre Jou,1982.

BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. 2ª Ed., Lisboa: Edições 70, 1987.

Fim da Idade Média – Acessado em 12/04/2020: https://www.educabras.com/vestibular/materia/historia/historia_geral/aulas/fim_da_idade_media

Fim da Idade Média – Crise do Século XIV – Acessado em 12/04/2020: https://www.coladaweb.com/historia/crise-do-seculo-xiv-o-fim-da-idade-media

Crise do Feudalismo – Acessado em 12/04/2020: https://www.coladaweb.com/historia/crise-do-feudalismo

Idade Média – Acessado em 12/04/2020: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/idade-media.htm

Corporações de Ofício – Acessado em 12/04/2020: https://www.infoescola.com/historia/corporacoes-de-oficio/

Formação das Monarquias Nacionais – Acessado em 12/04/2020: https://www.todamateria.com.br/formacao-das-monarquias-nacionais/

 

 

 

 

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